"Já não existem fardas laranjas em Guantánamo"
Quais os objetivos da visita?
Não foi a primeira visita de uma delegação da Assembleia Parlamentar da OSCE. Guantánamo já foi visitada em 2006, 2007 e 2008. O objetivo era avaliar as evoluções no quadro legal dos detidos e as condições de detenção.
Quantos detidos estão hoje em condições de serem transferidos?
Dos 122 detidos, 54 estão identificados para uma transferência. E outros 58 aguardam a revisão dos processos, dos quais uma parte pode ir juntar-se ao primeiro grupo.
Como define a realidade que encontrou na prisão?
Estivemos umas oito horas em Guantánamo, vindos de Washington onde tivemos reuniões com elementos do Departamento de Estado e o da Defesa. No campo não podemos ver celas ocupadas, mas foi-nos mostrada uma cela. As condições do campo estão muito distantes das que existiam quando chegaram os primeiros detidos. O Camp X-Ray é algo que já só existe no nosso imaginário. Já não existem as fardas laranjas. Há kits de higiene, recreio, condições para o acesso a alguns cursos, acesso à leitura, a uma série de canais televisivos, até a PlayStation. Há um tempo de recreio no exterior, de circulação fora da cela, tempo em espaços comuns nos blocos de celas. Há a possibilidade de um certo contacto com o mundo, o que não existia no início. Há uma importante alteração, mas isto não apaga o resto. A realidade é hoje a de uma prisão de alta segurança. Mas, por melhor que sejam as condições de detenção, se é admissível manter homens detidos 12 anos, muitos deles sem uma acusação formada, muitos deles sem sequer existirem evidências que conduzam a uma acusação, se é aceitável mantê-los 12 anos fora do mundo sem julgamento.